quarta-feira, 27 de abril de 2022

Henri Wallon na perspectiva de Marynelma Camargo

 



Henri Wallon estudou o desenvolvimento da criança e os contextos educativos escolares. O autor trata os três campos funcionais – motor, o afetivo e cognitivo – de forma indissociável. Para ele, seria impossível separar, já que o desenvolvimento de um causa impactos nos demais. Sendo assim, com nas suas teorias, o processo de desenvolvimento acontece na tentativa da criança superar conflitos e crises.

Wallon acredita que durante o processo de crescimento, as pessoas precisam de momentos de dificuldades para desenvolver conhecimento. Para ele as escolas devem criar situações educativas para direcionar as crises. De acordo com Henri Wallon, a dinâmica do desenvolvimento é complexa, não é estática e homogênea. Os fatores orgânicos são os responsáveis pela sequência fixa que se verifica entre os estágios do desenvolvimento e podem ter efeitos transformados pelas circunstâncias sociais ou pelo sujeito.

O ritmo de desenvolvimento é marcado por rupturas e reviravoltas. Por isso, a passagem de um estágio para outro não é simples. Tornando o desenvolvimento infantil repleto de conflitos.

Wallon traz alguns estágios para explicar o desenvolvimento infantil alguns deles são:

Impulsivo emocional – Henri Wallon acredita que na fase Impulsivo-emocional, que corresponde ao primeiro ano de vida, há a predominância da afetividade e sentimentos. Para ele, faz mediação da relação da criança com o mundo.

Sensório-motor e projetivo – A fase sensório-motor e projetivo vai até os 3 anos. Nessa idade, a coordenação motora permite que a criança desenvolva sua autonomia, explore os espaços e manipule objetos. Esses pequenos movimentos podem ajudar com a projeção de pensamentos.

Henri Wallon e a educação: personalismo – A fase do personalismo vai dos 3 aos 6 anos e é quando a criança se percebe como parte do mundo. Portanto, é quando reconhece seu corpo, começa a demonstrar seus interesses e se associar com pessoas.

Estágio Categorial – Na Categorial, que corresponde a partir dos 6 anos, os processos intelectuais são vistos como guia de interesse da criança para o conhecimento e o domínio do que se passa no mundo.

Predominância funcional – Na Predominância Funcional, a criança, por meio das interações sociais, demonstra seus interesses pelas pessoas. Segundo Henri Wallon, há crises existenciais, mudanças no corpo dadas por causa do crescimento e transformações hormonais e novas relações sociais. Corresponde a adolescência

Conseguimos perceber alguns estágios da tese de Wallon no trabalho de Marynelma, ela desenvolve reflexões sobre o movimento corporal da criança no seu processo de aquisição e construção de conhecimentos, com base nos estudos de Wallon.

No seu trabalho ela traz a pequena infância da criança com uma fase de desenvolvimento do corpo, o movimento constitui a matriz básica da aprendizagem pelo fato de gestar as significações do aprender, ou seja, a criança transforma em símbolo aquilo que pode experimentar corporalmente, e seu pensamento se constrói, primeiramente, sob a forma de ação. A criança pequena necessita agir para compreender e expressar os significados presentes no contexto histórico-cultural em que se encontra. Percebemos também que ela traz cada um dos campos funcionais (o motor, o afetivo, o cognitivo e a pessoa que integra todos os outros) como fonte para a sua tese, esses campos apresentam uma identidade estrutural e funcional diferenciada. Mas esses campos estão de tal forma integrados que cada um é parte constitutiva dos outros, de modo que a separação se faz necessária somente para a descrição do processo de desenvolvimento.

Estagios de desenvolvimento - Henri Wallon

 




Henri Wallon é um dos defensores do interacionismo, que entende que os indivíduos se desenvolvem a partir de suas características biológicas, em interação com o meio onde vivem. Autor da Teoria Psicogenética do Desenvolvimento, Wallon propõe uma série de estágios do desenvolvimento, que podem ajudar o professor a compreender os processos de aprendizagem das crianças e adiantar as possibilidades das fases posteriores. Para o pesquisador francês, os estágios não são etapas rigidamente estabelecidas, porque os conflitos internos e externos das crianças promovem reviravoltas que compõem os percursos individuais.








ESTAGIO IMPULSIVO (0 A 3 MESES) - EMOCIONAL (3 MESES A 1 ANO)


LINHAS GERAIS

MARCOS DO DESENVOLVIMENTO

RECURSOS DE APRENDIZAGEM

Estágio predominantemente afetivos (isto é, tudo afeta o bebê).


Os alimentos fundamentais da criança são a comida e as relações com as pessoas.


O bebê tem o olhar voltado para si, para o autoconhecimento.




Impulsividade – de 0 a 3 meses:

  • Explora o corpo

  • Realiza movimentos bruscos e descoordenados.

  • Responde à sensações internas do corpo e às externas, do mundo à sua volta.


Emoções – aos poucos (3 meses a 1 ano):

  • A criança imita, seleciona e aprende quais movimentos e gestos a aproximam das pessoas (balançar os bracinhos, sorrir, gritar etc.) porque assim garante para si afeto, cuidados e bem-estar.

  • Aprende a expressar suas emoções com gestos e expressões que padroniza e relaciona às diferentes emoções: Alegria, raiva, medo, interesse etc.


Liga-se ao cuidador por meio do contato com a pele, pelo olhar e pelo toque.


Ao interagir com objetos e pessoas, os bebês experimentam sensações e emoções e descobrem o mundo.




ESTAGIO SENSÓRIO-MOTOR (12 A 18MESES) E PROJETIVO (18 MESES A 3 ANOS)


LINHAS GERAIS

MARCOS DO DESENVOLVIMENTO

RECURSOS DE APRENDIZAGEM

Com a fala e a marcha em pleno desenvolvimento, existe predominância da cognição.


A criança tem o olhar mais voltado para o mundo externo e quer descobrir e aprender sobre o que a cerca.


Com as experiências que vive, vai se diferenciando do mundo.



Período Sensório-motor – 12 a 18 meses:

Explora o espaço físico, discriminando e definindo a ideia que faz das pessoas, dos objetos e dos espaços: quer descobrir como são, como funcionam e o que pode fazer com eles.

  • Como se desloca com crescente destreza, modifica o ambiente

  • Com o desenvolvimento da fala, pode fazer representações e começa a compreender os símbolos. O faz de conta começa a existir e ficar cada vez mais complexo.

  • Exercita a inteligência prática para resolver problemas concretos. É afetada pelo que está presente e sabe organizar as situações para atingir seus objetivos.


Período Projetivo – 18 meses e 3 anos:

Faz imitações e simula situações. É o início da atividade simbólica.

  • Cria e resolve problemas nas brincadeiras e pensa em estratégias para conseguir o que deseja.

Oferecer situações, materiais e espaços diversificados.


Valorizar as perguntas e questionamentos das crianças e corresponder aos seus desejos de pesquisa e brincadeiras.


Favorecer a construção de cenários para o faz de conta, disponibilizando materiais potentes como caixas, caixotes, tecidos, bonecos, carrinhos, entre outros.


Aproximar as crianças da literatura e observar as brincadeiras para propor desafios e enriquecer o repertório.





ESTAGIO PESONALISMO (3 A 6 ANOS)


LINHAS GERAIS

MARCOS DO DESENVOLVIMENTO

RECURSOS DE APRENDIZAGEM

É a fase de se descobrir diferente do adultos e das outras crianças, de estabelecer relações com o mundo.


Com o predomínio da afetividade, a criança é afetada por tudo, se emociona e se sensibiliza. Está mais voltada para si, para o autoconhecimento.


Com as experiências vividas, aprimora as respostas às emoções e sentimentos e, com o autocontrole pode até escondê-las.


É uma fase caracterizada pelo ciúme, em que a criança demanda exclusividade nas atenções e é possessiva com seus objetos.




Características marcantes das relações interpessoais:

  • 3 a 4 anos – crise da oposição. Insiste em dizer “não” para conquistar sua autonomia> não; não quero; não gosto, não vou; é meu. Uso do pronome “eu” no lugar do nome para se identificar.

  • 4 a 5 anos – idade do narcisismo e da graça. Sabe seduzir, convencer, agradar.

  • 5 a 6 anos – representação de papéis: o outro é um modelo a ser imitado.

Fundamental:

  • Garantir opções e oportunidades de escolha.

  • Reconhecer, respeitar e valorizar as diferenças que vão se mostrando no dia a dia.

  • Lidas com as atitudes de negação compreendendo que fazem parte do desenvolvimento.

Do ponto de vista afetivo:

  • Chamar a criança pelo nome.

  • Assegurar que está sendo vista e acompanhada pelo olhar do adulto.

  • Oportunizar que se expresse e que seja reconhecida no grupo.

Garantir:

  • Atividades que evidenciem as diferenças entre as crianças: ele faz assim e eu do outro modo; ele gosta de azul e eu de amarelo, ele desenha a casinha e eu o cachorro.

  • Momentos de interação com crianças de diferentes faixas etárias.









- Bibliografia consultada

ALVARENGA, Abigail. Afetividade e processo ensino-aprendizagem: contribuições de Henri Wallon. Psicologia da educação n.20 São Paulo jun. 2005

CAMARGO, Marynelma. A EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLARIZAÇÃO DA PEQUENA INFÂNCIA. 2006.


terça-feira, 26 de abril de 2022

Material Pedagógico

 Material Pedagógico nas Aulas de Educação Física



Aulas de Conciencia Corporal









Importância das Aulas de Psicomotricidade na Educação Física





Aulas sobre Psicomotricidade









Henri Paul Hyacinthe Wallon




História


Henri Wallon nasceu em 15 de Junho de 1879, em Paris, filho de Paul Alexandre Joseph e neto de Henri-Alexandre Wallon. Se tornou conhecido pelo trabalho no campo científico sobre a Psicologia do Desenvolvimento, dedicado principalmente à temática da infância, assumindo uma postura interacionista.

Sobre a sua história em 1899, Wallon é admitido na Escola Normal Superior e ao longo de sua vida sempre teve uma grande relação com a educação. Com 23 anos, no ano de 1902 se formou em Filosofia, e em 1908 se formou em Medicina, entre 1908 a 1931 trabalhou com crianças portadoras de deficiência mental.

Seu primeiro trabalho, Délire de persécution. Le délire chronique à base d'interprétation (“Delírio de perseguição. O delírio crônico na base da interpretação”), foi publicado em 1909. No ano de 1914 serviu durante meses como médico no Exército francês, na frente de combate. Durante esse período teve contato com lesões cerebrais sofridas por ex-combatentes fazendo que revisasse os postulados neurológicos desenvolvidos no atendimento as crianças com deficiência.

Em 1920, passou a lecionar na Sorbonne, Universidade de Paris. Em 1925 publicou sua tese de doutorado intitulada L'enfant turbulent (“A Criança Turbulenta”), após isso inciou um período de muita produção literária na área de Psicologia da Criança.

Wallon atuou como professor do Collège de France, no Departamento de Psicologia da Infância e Educação, no período de 1937 a 1949. Em 1945 publica seu último livro, Les origines de la pensée chez l'enfant (“As origens do pensamento na criança”).

Além de psicólogo, Henri Wallon foi um grande político, assumiu diversos papéis em sua carreira política ao mesmo tempo em que conduzia seus trabalhos científicos. Na Segunda Guerra Mundial foi perseguido pela Gestapo, tendo de viver na clandestinidade. Visitou o Brazil em 1935.

Henri Wallon faleceu no dia 1 de dezembro de 1962, em Paris, aos 83 anos.





Um pouco da teoria


A obra de Henri Wallon é perpassada pela ideia de que o processo de aprendizagem é dialético: não é adequado postular verdades absolutas, mas, sim, revitalizar direções e possibilidades.

Uma das consequências desta postura é a crítica às concepções reducionistas: Wallon propõe o estudo da pessoa completa, tanto em relação a seu caráter cognitivo quanto ao caráter afetivo e motor. Para Wallon, a cognição é importante, mas não mais importante que a afetividade ou a motricidade.

Para Wallon, a cognição está alicerçada em quatro categorias de atividades cognitivas específicas, às quais dá-se o nome de campos funcionais. Os campos funcionais seriam o movimento, a afetividade, a inteligência e a pessoa.

O movimento seria um dos primeiros campos funcionais a se desenvolver, e que serviria de base para o desenvolvimento dos demais.

Os movimentos, enquanto atividades cognitivas, podem estar em duas categorias: movimentos instrumentais e movimentos expressivos. Os movimentos instrumentais são ações executadas para alcançar um objetivo imediato e, em si, não diretamente relacionado com outro indivíduo; este seria o caso de ações como andar, pegar objetos, mastigar etc. Já os movimentos expressivos têm uma função comunicativa intrínseca, estando usualmente associados a outros indivíduos ou sendo usados para uma estruturação do pensamento do próprio movimentador. Falar, gesticular, sorrir seriam exemplos de movimentos expressivos.

Wallon dá especial ênfase ao movimento como campo funcional porque acredita que o movimento tem grande importância na atividade de estruturação do pensamento no período anterior à aquisição da linguagem.

A afetividade, por sua vez, seria a primeira forma de interação com o meio ambiente e a motivação primeira do movimento.

À medida que o movimento proporciona experiências à criança, ela vai respondendo através de emoções, diferenciando-se, para si mesma, do ambiente. A afetividade é o elemento mediador das relações sociais primordial, portanto, dado que separa a criança do ambiente. As emoções são, também, a base do desenvolvimento do terceiro campo funcional, a inteligência.

Inteligência - Na obra de Wallon, inteligência tem um significado bem específico, estando diretamente relacionada com duas importantes atividades cognitivas humanas: o raciocínio simbólico e a linguagem. À medida que a criança vai aprendendo a pensar nas coisas fora de sua presença, o raciocínio simbólico e o poder de abstração vão sendo desenvolvidos. Ao mesmo tempo, e relacionadamente, as habilidades linguísticas vão surgindo no indivíduo, potencializando sua capacidade de abstração.

Pessoa - Wallon dá o nome de pessoa ao campo funcional que coordena os demais. Seria este também o campo funcional responsável pelo desenvolvimento da consciência e da identidade do eu.

As relações entre estes três campos funcionais não são harmônicas, de modo que constantemente surgem conflitos entre eles. A pessoa, como campo funcional, cumpre um papel integrador importante, mas não absoluto. A cognição desenvolve-se de maneira dialética, em um constante processo de tese, antítese e síntese entre os campos funcionais.