terça-feira, 26 de abril de 2022

Henri Paul Hyacinthe Wallon




História


Henri Wallon nasceu em 15 de Junho de 1879, em Paris, filho de Paul Alexandre Joseph e neto de Henri-Alexandre Wallon. Se tornou conhecido pelo trabalho no campo científico sobre a Psicologia do Desenvolvimento, dedicado principalmente à temática da infância, assumindo uma postura interacionista.

Sobre a sua história em 1899, Wallon é admitido na Escola Normal Superior e ao longo de sua vida sempre teve uma grande relação com a educação. Com 23 anos, no ano de 1902 se formou em Filosofia, e em 1908 se formou em Medicina, entre 1908 a 1931 trabalhou com crianças portadoras de deficiência mental.

Seu primeiro trabalho, Délire de persécution. Le délire chronique à base d'interprétation (“Delírio de perseguição. O delírio crônico na base da interpretação”), foi publicado em 1909. No ano de 1914 serviu durante meses como médico no Exército francês, na frente de combate. Durante esse período teve contato com lesões cerebrais sofridas por ex-combatentes fazendo que revisasse os postulados neurológicos desenvolvidos no atendimento as crianças com deficiência.

Em 1920, passou a lecionar na Sorbonne, Universidade de Paris. Em 1925 publicou sua tese de doutorado intitulada L'enfant turbulent (“A Criança Turbulenta”), após isso inciou um período de muita produção literária na área de Psicologia da Criança.

Wallon atuou como professor do Collège de France, no Departamento de Psicologia da Infância e Educação, no período de 1937 a 1949. Em 1945 publica seu último livro, Les origines de la pensée chez l'enfant (“As origens do pensamento na criança”).

Além de psicólogo, Henri Wallon foi um grande político, assumiu diversos papéis em sua carreira política ao mesmo tempo em que conduzia seus trabalhos científicos. Na Segunda Guerra Mundial foi perseguido pela Gestapo, tendo de viver na clandestinidade. Visitou o Brazil em 1935.

Henri Wallon faleceu no dia 1 de dezembro de 1962, em Paris, aos 83 anos.





Um pouco da teoria


A obra de Henri Wallon é perpassada pela ideia de que o processo de aprendizagem é dialético: não é adequado postular verdades absolutas, mas, sim, revitalizar direções e possibilidades.

Uma das consequências desta postura é a crítica às concepções reducionistas: Wallon propõe o estudo da pessoa completa, tanto em relação a seu caráter cognitivo quanto ao caráter afetivo e motor. Para Wallon, a cognição é importante, mas não mais importante que a afetividade ou a motricidade.

Para Wallon, a cognição está alicerçada em quatro categorias de atividades cognitivas específicas, às quais dá-se o nome de campos funcionais. Os campos funcionais seriam o movimento, a afetividade, a inteligência e a pessoa.

O movimento seria um dos primeiros campos funcionais a se desenvolver, e que serviria de base para o desenvolvimento dos demais.

Os movimentos, enquanto atividades cognitivas, podem estar em duas categorias: movimentos instrumentais e movimentos expressivos. Os movimentos instrumentais são ações executadas para alcançar um objetivo imediato e, em si, não diretamente relacionado com outro indivíduo; este seria o caso de ações como andar, pegar objetos, mastigar etc. Já os movimentos expressivos têm uma função comunicativa intrínseca, estando usualmente associados a outros indivíduos ou sendo usados para uma estruturação do pensamento do próprio movimentador. Falar, gesticular, sorrir seriam exemplos de movimentos expressivos.

Wallon dá especial ênfase ao movimento como campo funcional porque acredita que o movimento tem grande importância na atividade de estruturação do pensamento no período anterior à aquisição da linguagem.

A afetividade, por sua vez, seria a primeira forma de interação com o meio ambiente e a motivação primeira do movimento.

À medida que o movimento proporciona experiências à criança, ela vai respondendo através de emoções, diferenciando-se, para si mesma, do ambiente. A afetividade é o elemento mediador das relações sociais primordial, portanto, dado que separa a criança do ambiente. As emoções são, também, a base do desenvolvimento do terceiro campo funcional, a inteligência.

Inteligência - Na obra de Wallon, inteligência tem um significado bem específico, estando diretamente relacionada com duas importantes atividades cognitivas humanas: o raciocínio simbólico e a linguagem. À medida que a criança vai aprendendo a pensar nas coisas fora de sua presença, o raciocínio simbólico e o poder de abstração vão sendo desenvolvidos. Ao mesmo tempo, e relacionadamente, as habilidades linguísticas vão surgindo no indivíduo, potencializando sua capacidade de abstração.

Pessoa - Wallon dá o nome de pessoa ao campo funcional que coordena os demais. Seria este também o campo funcional responsável pelo desenvolvimento da consciência e da identidade do eu.

As relações entre estes três campos funcionais não são harmônicas, de modo que constantemente surgem conflitos entre eles. A pessoa, como campo funcional, cumpre um papel integrador importante, mas não absoluto. A cognição desenvolve-se de maneira dialética, em um constante processo de tese, antítese e síntese entre os campos funcionais.

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